Artigo da autoria de Tiago Belotte, Learning Designer e Fundador da CoolHow.
Há já bastante tempo que conheço o conceito que dá título a este artigo. O conceito High Tech / High Touch foi descrito pela primeira vez por John Naisbitt, futurista e autor norte-americano, na sua obra homónima. Num excerto do livro, ele afirma:
“Sempre que uma tecnologia de ponta (high tech) é introduzida na sociedade, tem de haver uma resposta humana de contrapeso — isto é, uma presença humana marcante (high touch) — ou a tecnologia será rejeitada. Temos de aprender a equilibrar as maravilhas materiais da tecnologia com as demandas espirituais da nossa natureza humana.”
No mês passado, estive na Digital Learning Week, uma conferência sobre educação organizada pela UNESCO, em Paris. Sempre que posso, participo em conferências sobre inovação e educação. Este ano, já estive noutra conferência, no primeiro semestre, do outro lado do Atlântico, em Austin, no Texas. O que observei na conferência de Paris, no SXSW Edu nos EUA, e percebo todos os dias no meu trabalho como learning designer, é que estamos num momento em que a educação está realmente a mudar. E não falo apenas da educação em escolas e universidades. Refiro-me à educação nas empresas, cujo objetivo é preparar as pessoas para atingir as metas e a visão de futuro do negócio.
Já pensaste nisso? Cursos, workshops e quaisquer outros programas de formação são investimentos no futuro da empresa. Para concretizar o que está definido no planeamento estratégico, é necessário ter pessoas preparadas.
A grande questão é que estamos a viver transformações profundas em todas as dimensões da sociedade. Na educação, não é diferente. Nem na educação profissional. A forma como as pessoas querem aprender, e o que precisam de aprender, está a mudar.
Volto ao conceito de high tech / high touch. Lembrei-me dele recentemente, porque Jae Young Chung, presidente da KERIS — organização pública da Coreia do Sul responsável por promover a inovação tecnológica na educação e investigação — afirmou que esta é a abordagem educativa adotada no seu país, após o advento das IA’s generativas.
Na minha perspetiva como learning designer em grandes organizações e, atualmente, como Chief Learning Officer numa empresa de inteligência artificial, considero que devemos investir nestas duas frentes nas nossas estratégias educacionais. Trazer o melhor da tecnologia para melhorar os processos de aprendizagem, mas também criar experiências essencialmente humanas, que permitam às pessoas aprender de forma genuína. E que tipo de experiências seriam essas?
No livro How People Learn, Nick Shackleton-Jones afirma, com base em estudos de neurociência, que o fator crítico para o sucesso da aprendizagem é o aspeto emocional. Somos seres emocionais e são as emoções que determinam, em grande medida, se aprendemos ou não algo novo. Por isso, as formações, com ou sem tecnologia, têm vindo a afastar-se do modelo tradicional de sala de aula e a evoluir para novos formatos de aprendizagem, como programas offsite com foco no desenvolvimento pessoal, team buildings orientados para as power skills, e learning expeditions que utilizam o entretenimento para potenciar o processo de ensino-aprendizagem — o chamado edutainment.
Se a motivação das pessoas para aprender está a diminuir e a necessidade de adquirir novas competências está a aumentar, talvez seja o momento de revermos os formatos. Se queremos novos resultados, precisamos de navegar por novos mares.
Designer de aprendizagem com 14 anos de experiência em estratégia de marca e educação corporativa, além de produção de conteúdo e curadoria de conhecimento para inovação. Fundador da CoolHow – lab que reúne talentos de alta performance em torno de desafios para criar, de forma ágil, soluções e experiências de aprendizagem que respondam às transformações dos negócios, da sociedade e do planeta. É diretor das especializações em Gestão e Desenvolvimento de Produtos Digitais e UX & Design de Produtos Digitais da Católica de Minas Gerais (Brasil). É também professor convidado de Tendências e Comportamento Digital na Hotmilk – Escola de Inovação da Católica do Paraná (Brasil).
Desenvolve projetos e soluções educacionais para instituições como: Netflix, ThougthWorks, Stellantis, Natura&Co, Chandon, IGCP, Caixa Geral de Depósitos, UNESCO, OMS, Sebrae, O Boticário, Mitsui, XP Inc., etc. Palestrante em eventos: TEDx, SP Tech Week, Summit EDU, ConheCER – Seminário Internacional de Educação Empreendedora, Festival Whow e Festival Path. É ainda colunista sobre comportamento digital na rádio de maior audiência do Brasil, a rádio Itatiaia.
Mestrando em Educação e Sociedade pelo ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa. Especialização em Ciência Humanas: Sociologia, História e Filosofia; em Negócios e Competências Digitais; e em Gestão com ênfase em Marketing pela Fundação Dom Cabral. É formado em Design Gráfico pela Universidade do Estado de Minas Gerais e mobilidade académica no Politécnico di Torino (Itália).
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