O Design Thinking na Construção de Produtos Digitais

Glauco Madeira
Product & Innovation
Por Glauco Madeira, formador de Business Innovation e Customer Journey na Lisbon Digital School, e sócio no 401 business design.

Design Thinking é um termo antigo, que remonta à década de 1930, mas é nos anos 80 que é definido como “uma forma de ação criativa”, por Rolf Faste, professor da faculdade de engenharia de Stanford, nos EUA. No entanto, foi David Kelley quem o adaptou à gestão e o tornou mais famoso. Kelley fundou duas das principais instituições evangelistas do Design Thinking: a consultoria IDEO e a d.School, escola de design de Stanford. A partir dos anos 2000, o Design Thinking passou a ser aplicado no mundo inteiro por todo o tipo de empresas e ensinado nas melhores escolas de design e negócios, tornando-se conhecido por ser uma abordagem de design para a inovação centrada no ser-humano. É importante ressaltar que há outras teorias sobre o início do Design Thinking.

O Design Thinking pode ser entendido como uma filosofia que tem como base a empatia: a capacidade se colocar no lugar de outro ser humano para entender seus comportamentos, emoções e dores. Entender as pessoas primeiro para apenas depois criar algo que faça sentido e responda a necessidades reais. Complementam essa filosofia a extrema colaboração multiperspectiva (afinal, inovação é um desporto de equipa) e o teste na prática, porque tudo que há no início da inovação é um conjunto de hipóteses, que precisam ser confirmadas ou refutadas na vida real.

Além de ser percebido como uma filosofia, o Design Thinking também pode ser visto como um método faseado. O objetivo do método é reduzir o risco inerente à inovação. Não é porque alguém usou o Design Thinking que o resultado final do projeto será um sucesso, mas certamente reduzem-se as hipóteses de fracasso. Há muitos frameworks que tentam explicar o método: os mais famosos são o Double Diamond, do British Design Council, e os cinco hexágonos, atribuídos à d.School. Todos apresentam, com nomes e formatos diferentes, os mesmos elementos: uma primeira fase de investigação sobre as pessoas e o contexto, uma segunda de definição do desafio a ser resolvido (porque não conseguimos resolver todos os problemas ao mesmo tempo), uma terceira de geração de ideias, uma quarta de criação de um protótipo ou prova de conceito, e uma quinta fase de teste. Vale ressaltar que tudo isso é um processo interativo (e não-linear) de tentativa e erro.

O Design Thinking ajuda a resolver diversos tipos de problemas e serve à inovação na criação de produtos e serviços, para o (re)desenho de experiências, processos e até modelos de negócios.

O mesmo é válido para a criação e desenvolvimento de produtos digitais.

No imaginário popular, muitas vezes a criação de grandes produtos digitais vem do génio empreendedor de apenas uma pessoa. Ok, é verdade que o conceito inicial pode ter surgido dessa forma. São clássicos os exemplos de Mark Zuckerberg com o Facebook, Daniel EK com o Spotify, Stuart Butterfield com o Slack, entre outros.

Porém, como já mencionado, inovação é um desporto de equipa, e requer imenso esforço de diversas pessoas pôr um produto digital no ar. Desde o entendimento mais profundo do que o consumidor precisa, passando pela conceptualização das principais funcionalidades, o design da experiência do utilizador (UX) e das interfaces (UI), até o desenvolvimento (criação de código) para transformar um conjunto de hipóteses na cabeça de algumas pessoas num produto de verdade na mão dos utilizadores.

Num mundo cada vez mais conectado e digital, o Design Thinking tem-se revelado uma abordagem eficaz na criação de produtos digitais inovadores e relevantes. Ao aplicar esta metodologia ao desenvolvimento de produtos digitais, coloca-se o utilizador no centro do processo, estimulando a empatia, a criatividade e a experimentação. É raro que uma equipa de produto ou design não domine o tema e não o utilize no dia-a-dia.

Seja em projetos longos, com fases de pesquisa que duram meses, ou super-rápidos, com a duração de alguns dias, empresas usam a essência do Design Thinking para a criação e desenvolvimento dos seus produtos. É fundamental entender os utilizadores, definir bem seus desafios, gear ideias (em quantidade ou profundidade), e criar algo que possa ser testado de forma rápida, simples e barata, para gerar aprendizado suficiente antes de uma ideia ganhar escala.

Neste artigo, a equipa de Design do Spotify (plataforma de música) mostra como utiliza o Design Sprint para a criação de novas funcionalidades do produto. O Design Sprint é um método rápido, inspirado no Design Thinking, para a criação de um protótipo que possa ser testado com utilizadores em apenas quatro ou cinco dias. Sugiro a leitura do livro Sprint, do criador do método, Jake Knapp, e o aprofundamento nesta técnica com o excelente conteúdo da AJ&Smart, consultoria de Design Sprints baseada em Berlim.

Por fim, é importante dizer que o Design Thinking não é uma exclusividade de empresas 100% digitais. O movimento também foi acompanhado por grandes corporações com a criação de áreas ou estúdios internos de Design Thinking, como o IBM Design, da IBM, e o D-Ford, da Ford Motors, com o objetivo de entender melhor os consumidores para criar os produtos, serviços, processos, experiências e modelos de negócio do futuro.

Seja através de capacitação, consultorias, contratação de profissionais ou formação de parcerias, investir em conhecimento nessa área costuma trazer resultados. É válido desde as startups às grandes corporações. Em 2023, continua a valer o que disse Thomas Whatson Jr., segundo CEO da história da IBM, em 1973: “Good design is good business” (bom design é bom negócio).


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Glauco Madeira

Consultor de inovação corporativa e design de negócios com mais de 15 anos de experiência, incluindo estratégia de comunicação, planeamento de marketing, estratégia de negócios e formação para clientes como Galp, EDP, Banco de Portugal, Ministério da Justiça, Crédito Agrícola, Cofidis, Grupo IMPRESA, L’Oreal, Sonae Sierra, Sagres, Sumol+Compal e Delta Cafés.

Sócio e consultor do 401 Business Design, uma consultoria colaborativa de inovação sediada em Lisboa. Glauco também é formador de Design Thinking e Customer Journey na Lisbon Digital School e professor convidado na Nova School of Business & Economics nos temas de inovação e Design Thinking.

Alguns Clientes: Banco de Portugal, Casa da Moeda e Autoridade Tributária , Jogos Santa Casa, Deco Proteste, Águas de Cascais, Ministério da Justiça, Galp, EDP, Delta (Grupo Nabeiro), Teleperformance, Mercedes Benz, Volkswagen Autoeuropa, Sonae Sierra, Cetelem (BNP Paribas), Cofidis, Credibom, Crédito Agrícola (com Microsoft), CGD (Caixa Geral de Depósitos), Zeiss, Grupo Sugal e Guloso, Sagres (Central de Cervejas), Ponto PT, Sumol+Compal, Worten, Isidoro (Montalva), Grupo IMPRESA, Planetiers, Nexity, Tranquilidade, PwC, L’Oreal, Mediabrands, Nova Expressão, WyCreative (ex BY)

Atualmente, é também Chief Transformation Officer na Lisbon Digital School. 

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