No último ano, vivemos um momento singular na história da tecnologia com o surgimento de inúmeras generative AI (inteligências artificiais generativas ou gen AI), que são sistemas de inteligência artificial capazes de criar conteúdo original e transformaram diversos campos, desde a escrita até o design. Muitas assumem o formato de chatbots. Essas ferramentas, como o ChatGPT da Open AI, o Bard do Google, o Bing da Microsoft e o Grok da X.AI (de Elon Musk), não são apenas avanços técnicos; elas representam uma nova era na interação e criação digital. Estas AIs expandem os horizontes criativos e desafiam concepções de inovação e colaboração, com extrema velocidade em relação a um trabalho puramente humano. Novas AI e evoluções surgem todos os dias e é difícil mantermo-nos atualizados.
Este é o contexto em que a filosofia do Design Thinking, focada em soluções criativas, encontra nas AI um novo e poderoso aliado. Para além de uma forma de criar inovações focada no ser humano e extremamente colaborativa, o Design Thinking também pode ser entendido como um processo faseado com foco em reduzir o risco da inovação. Nesse processo, geralmente composto por cinco fases, as inteligências artificiais podem potenciar o aumento da produtividade humana, como facilitar análises e o desenvolvimento de ideias. Este artigo tenta iluminar algumas possibilidades de uso das generative AI em cada uma das fases
Framework de Design Thinking – D.School (Stanford). Empatia: Análises Profundas Através da AI
Na fase de empatia, a AI pode ajudar a analisar grandes quantidades de dados com grande velocidade, mas não apenas! Ela também pode criar personas para responder a entrevistas em profundidade, apresentando os resultados em formatos como o Mapa de Empatia (um clássico do Design Thinking) ou em um Customer Map (Canvas da Proposta de Valor), por exemplo.
Outra possibilidade é pedir para a AI agir como se fosse outra pessoa: um profissional sénior de uma empresa top de consultoria ou um pesquisador PHD de Harvard para ser seu parceiro de análises? Basta pedir.
Nos diagnósticos de negócios, a AI fornece análises completas de competidores com os resultados em tabelas ou mesmo no formato de ferramentas clássicas. Já pensaste pedir um Canvas de Modelo de Negócio dos teus dez principais competidores? E o Brand Key da tua marca? Que tal uma Matriz SWOT? Desenhar cenários futuros com um Mapa de Contexto? Tudo isso em segundos? Sem problema!
Definição: AI como Catalisador de Desafios e Questões
Nesta fase crítica, a tecnologia tem o poder de transformar a forma como definimos os problemas. Utilizando análises de dados avançadas, a AI pode descobrir insights ocultos e ajudar a (re)formular questões “How Might We” (Como poderíamos…?) que desafiam o status quo, permitindo a identificação de problemas e oportunidades de forma mais interessante e inspiradora. Ajustar um desafio para torná-lo mais abrangente ou mais específico é uma das possibilidades. Mas que tal pedir à AI para reescrever desafios tal como o Mestre Yoda de Star Wars faria? Ou com o estilo do lendário Steve Jobs, fundador da Apple? Uma questão bem formulada pode desbloquear um mundo de novas ideias.
Ideação: Potenciar a Criatividade com a AI
A AI na ideação age como um parceiro de brainstorming, propondo soluções que muitas vezes vão além da capacidade do processo criativo 100% humano ou que desbloqueiam novas possibilidades por conseguir gerar rapidamente diversas novas ideias. Podemos pedir à AI que gere mais soluções em relação a ideias que já tivemos ou mesmo aprofundar (e estruturar!) algumas mais promissoras. Que tal pedir ao seu parceiro de brainstorming digital que assuma personalidades ou contextos diferentes, garantindo assim a importante visão multi perspetiva do Design Thinking? As possibilidades são incríveis.
Já há (e ainda estão por surgir) casos ainda mais específicos. A Open AI, criadora do ChatGPT, desenvolveu um GPT Builder, que permite aos utilizadores criarem ou customizarem os seus próprios ChatGPTs, agora disponibilizados em um único sítio: uma GPT Store (disponível apenas no plano Plus). Eu mesmo já criei vários GPTs, como um que ajuda as pessoas a melhorarem as suas Customer Journeys, um Facilitador de Workshops ou mesmo um Gerador de Modelos de Negócios instantâneos com base em apenas duas informações! (Disponíveis apenas para subscritores premium).
https://chat.openai.com/g/g-NnfTKogsa-business-model-generator
Prototipagem: AI como Aceleradora de Inovações
Durante a fase de prototipagem, a AI destaca-se ao permitir protótipos rápidos e precisos. A sua capacidade de simulação e modelagem ajuda a testar e iterar designs com uma eficiência inigualável, economizando tempo e recursos valiosos, ao mesmo tempo que eleva a qualidade e a eficácia das soluções propostas.
Pedir à AI ideias de como prototipar determinados produtos ou serviços é o básico (e já muito útil). Mas é possível ir além.
Queres transformar um simples desenho feito “à mão” num protótipo funcional com imagens e códigos em apenas um clique? Podes usar algo como o tldraw. Queres “desenhar” ecrãs interativos de alto nível apenas com instruções em texto? Há ferramentas text-to-UI como o Trace AI.
Write Code by Drawing With tldraw
Teste: O Consumidor (ainda mais) Parte do Processo
Na fase de teste, a AI é capaz de realizar análises detalhadas em larga escala, fornecendo feedbacks cruciais para o aprimoramento das soluções. A aplicação da AI nesta etapa garante uma compreensão mais profunda da eficácia do produto ou serviço e como ele se conecta com os utilizadores finais. A automatização de determinadas análises e o feedback com mudanças imediatas nos protótipos devem tornar-se comuns em breve. O consumidor, neste caso, não é apenas alvo de um diagnóstico, mas cada vez mais um participante fundamental (e criativo) na hora da experimentação.
Conclusão: AI e Design Thinking – Parceiros na Inovação
A AI transforma o Design Thinking em cada uma das etapas e oferece uma abordagem mais rápida, produtiva e que aumenta fortemente a capacidade humana, abrindo novos caminhos para soluções inovadoras e ainda mais centradas no ser humano.
Vale lembrar que todas essas ferramentas potenciam, mas não substituem a nossa atuação. Apesar de tudo, as ferramentas de inteligência artificial generativas ainda são muito incipientes; podem gerar falhas e as famigeradas alucinações (respostas erradas como se fossem verdades). Por enquanto, é importante utilizar com cuidado e fazer um double check sempre que necessário.
A tendência é vermos uma explosão de startups, plataformas e ferramentas de inteligência artificial em 2024, com as grandes empresas de tecnologia a liderar a corrida. Ficarmos atentos a cada lançamento e testar tudo é fundamental para quem quer acompanhar o ritmo.
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PS – que seja um grande ano para os teus projetos de inovação!
Consultor de inovação corporativa e design de negócios com mais de 15 anos de experiência, incluindo estratégia de comunicação, planeamento de marketing, estratégia de negócios e formação para clientes como Galp, EDP, Banco de Portugal, Ministério da Justiça, Crédito Agrícola, Cofidis, Grupo IMPRESA, L’Oreal, Sonae Sierra, Sagres, Sumol+Compal e Delta Cafés.
Sócio e consultor do 401 Business Design, uma consultoria colaborativa de inovação sediada em Lisboa. Glauco também é formador de Design Thinking e Customer Journey na Lisbon Digital School e professor convidado na Nova School of Business & Economics nos temas de inovação e Design Thinking.
Alguns Clientes: Banco de Portugal, Casa da Moeda e Autoridade Tributária , Jogos Santa Casa, Deco Proteste, Águas de Cascais, Ministério da Justiça, Galp, EDP, Delta (Grupo Nabeiro), Teleperformance, Mercedes Benz, Volkswagen Autoeuropa, Sonae Sierra, Cetelem (BNP Paribas), Cofidis, Credibom, Crédito Agrícola (com Microsoft), CGD (Caixa Geral de Depósitos), Zeiss, Grupo Sugal e Guloso, Sagres (Central de Cervejas), Ponto PT, Sumol+Compal, Worten, Isidoro (Montalva), Grupo IMPRESA, Planetiers, Nexity, Tranquilidade, PwC, L’Oreal, Mediabrands, Nova Expressão, WyCreative (ex BY)
Atualmente, é também Chief Transformation Officer na Lisbon Digital School.
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